sábado, 23 de julho de 2011

CRISTO: Esperança em tempos de crise

Hoje, a humanidade, e muito particularmente o nosso país, vive mergulhado numa profunda crise. É a crise económica que leva tantas empresas a fechar as suas portas e arrasta tantas famílias para o desemprego e a miséria; é a crise social e política que, aliada à corrupção generalizada do sistema, desacredita cada vez mais os nossos dirigentes; é a crise de valores humanos e cristãos que afecta toda a sociedade que, assim, em nome da “liberdade” anda perdida, sem rumo.

As crises fazem parte da história da humanidade e, muitas vezes, são elas que catapultam o crescimento e desenvolvimento da mesma. Ao superar uma crise, a humanidade sai fortalecida e com vontade de crescer. Mas, enquanto isso não acontece, surge o desânimo, a revolta, o sofrimento. Também hoje a humanidade está “abatida e desanimada como ovelha sem pastor”.

É precisamente neste contexto que nós somos chamados a “mostrar a razão da nossa esperança” (cfr. 1Ped.3,15). A razão da nossa esperança é o próprio Jesus Cristo ressuscitado. A ressurreição de Jesus, com a qual Ele  venceu o poder da morte, é a «convicção» que «sustenta o caminho da Igreja, Corpo de Cristo, através dos caminhos da história», como dizia o papa Bento XVI na homilia da Páscoa passada. «Não há sombra, por mais tenebrosa que seja, capaz de escurecer a luz de Cristo. Por este motivo, nos crentes em Cristo a esperança não desfalece nunca, e tão pouco hoje, diante da grande crise social e económica em que a humanidade se encontra submersa», assegura o pontífice.

Esta esperança impõe-se «diante do ódio e da violência destruidores que não deixam de gerar sangue em muitas regiões da terra; diante do egoísmo e da pretensão do homem de erigir-se como deus de si mesmo, que leva em certas ocasiões a perigosas alterações no desígnio divino sobre a vida e a dignidade do ser humano, sobre a família e sobre a harmonia da criação».

O nosso esforço, como cristãos, deve orientar-se para a libertação da vida humana e do mundo contaminado pelo egoísmo, pela ganância, pela sede de poder. Pode parecer-nos uma missão maior do que nós, e é verdade se confiarmos só nas nossas forças, mas não podemos esquecer que possuímos o Espírito do Ressuscitado. É ele que nos dá ânimo e orienta a nossa actividade, tanto nos momentos bons como nos maus.

Neste contexto, Bento XVI afirma que a Igreja «não pode orgulhar-se de nada, mas só do seu Senhor: a luz não procede dela, a glória não é sua. «Mas precisamente esta é a sua alegria, que ninguém lhe pode tirar: ser ‘sinal e instrumento’ de quem é lumen gentium, luz dos povos».

É neste contexto de crise, de “sexta-feira santa”, que a nossa sociedade está a passar, que nós somos chamados a ser sinal de esperança e de vida nova. Afinal, Cristo venceu a morte e deu-nos uma vida nova. Vivamos a nossa vida, e enfrentemos esta crise, com o espírito do domingo de Páscoa!

Celebrámos há pouco tempo a Páscoa e, na vigília pascal, convidava a comunidade cristã a viver a sua vida marcada pelo espírito do domingo de Páscoa – alegria, esperanças, vida nova – deixando para trás tudo o que nos possa prender à “sexta-feira santa” – desânimo, sofrimento, morte.


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